quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Filhos e os dramas da vida

drama
Foto retirada da net
Todo inicio de um novo ano as esperanças são renovadas. Essa é a magia deste momento de transição numérica; acreditamos na possibilidade de mudanças, de que coisas boas irão acontecer. Acreditar é preciso, é vital e importantíssimo para nos mantermos conectados com sonhos e objetivos.
 
Para quem vive a experiência da maternidade e paternidade sabe que as esperanças são extendidas aos filhos. Desejamos mais a eles do que a nós mesmos. Se pudéssemos criaríamos um mundo perfeito para que os filhos habitassem e fossem poupados dos dramas da vida e jamais teriam de enfrentar situações que causam dor, tristeza e nem seriam expostos ao mal. Mas não se pode criar filhos como se estivessem na terra do nunca.
 
Sabemos que no mundo real há morte, tristeza, decepções e dor; tudo isso causa impacto nas crianças. A criança pequena não entende que a morte é um processo irreversível, elas assistem desenhos onde os personagens são “imortais” e num outro episódio estão vivinhos para uma nova história.
 
Lembro-me da primeira vez que meu filho tomou consciência da morte. Ele me fez inúmeras perguntas, ficou pensativo por minutos e depois se emocionou.  As crianças vão aos poucos tomando consciência do mundo ao redor delas e precisamos estar preparados para explicar e responder as perguntas que elas inevitavelmente irão nos fazer.
 
Tem uma história bem inspiradora que muitos já conhecem, mas que vale a pena ser relembrada. É a do joven canadense Ryan Hreljac, hoje já um adulto, mas que aos 6 anos de idade tomou conhecimento através da escola, da situação das crianças na África. Ele soube que várias morriam de sede e ficou muito comovido com isso. No Canadá temos fartura de água e para o menino era difícil imaginar que pessoas não tinham acesso ao precioso líquido. Sede e falta de água não fazia parte da realidade dele, mas ter acesso a esse drama de muitas pessoas e crianças fez a diferença. O menino perguntou a professora quanto custaria para levar água áquelas pessoas. A professora disse que um pequeno poço poderia custar cerca de 70 dólares. Ryan pediu o dinheiro para a mãe e fez trabalhos domésticos para conseguir mesada. Quando juntou a quantia em dinheiro pediu à sua mãe que o acompanhasse à sede da WaterCan para comprar seu poço para os meninos da África. Lá desobriu que o custo real da perfuração de um poço era de 2.000 dólares. Sabendo que a mãe não teria tanto dinheiro pra lhe dar, Ryan com apenas seis anos, começou a convencer os amigos, vizinhos, parentes e todo o bairro onde morava sobre a necessidade de levar água à Africa; com serviços prestados e doações conseguiu juntar os 2 mil dólares.
 
Ryan voltou na WaterCan (empresa de perfuração de poços de água) para comprar seu poço, que foi perfurado em janeiro de 1999 em uma vila ao norte de Uganda. Começava alí um trabalho humanitário que não parou mais de crescer até hoje. Ryan não parou de arrecadar fundos e de viajar o mundo buscando apoios. Em 2000 ele conseguiu viajar para conhecer de perto o povoado onde havia sido perfurado seu poço. Foi recebido com festa e ficou supreso ao saber que todos lá sabiam seu nome.
 
Criamos e educamos filhos para o mundo, então precisamos permitir que eles saibam o que acontece no planeta em que habitam. É claro que toda informação tem seu tempo certo para ser acessada, e é preciso bom senso, sensibilidade e limites para ir introduzindo os filhos aos dramas da vida. Tornar nossos filhos conscientes e sensíveis aos dramas alheios nos dá a esperança de um mundo melhor e mais humano.